quarta-feira, 20 de junho de 2012

Um Guerreiro na Cúpula dos Povos


O voluntário do Greenpeace Porto Alegre, Heberton Júnior esteve,  no último final de semana,  participando da Cúpula dos Povos na Rio+20. O ambientalista circulou pelas diversas tentas por lá instaladas, acompanhou palestras ministradas por Paulo Adario, Marina Silva e outros ilustres defensores do meio ambiente. 
Nosso guerreiro ainda encontrou disposição para participar da manifestação "Marcha a Ré"   em protesto contra o retrocesso na legislação ambiental brasileira. Esta maratona cívica  ocorreu no Aterro do Flamengo. 
O grupo de voluntários do Greenpeace Porto Alegre parabeniza este guri do bem por sua brilhante atuação e luta (pacífica) por um planeta mais verde e sustentável. 
Vamos deixar que o próprio Heberton Júnior nos relate sua aventura na Rio+20. 

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Heberton Júnior (a esquerda de camiseta verde próximo a faixa) na manifestação "Marcha a Ré da Rio+20"  

O que vi, ouvi e senti na Cúpula dos Povos*
Durante o último final de semana, tive oportunidade de acompanhar e participar das atividades da Cúpula dos Povos na Rio+20. Concebida como o evento da sociedade civil paralelo à conferência oficial da ONU, a Cúpula dos Povos reúne desde o dia 15 de junho, milhares de pessoas no Aterro do Flamengo para denunciar as causas das crises e as soluções que já existem, potencializando os movimentos de resistência da sociedade.
Foi com uma postura crítica, mas de esperança que viajei para o Rio de Janeiro e durante três dias acompanhei as atividades do Greenpeace e demais organizações. Logo na entrada, tive a visão dos portões da Cúpula, uma energia de paz criada por um universo de povos e gentes enlaçadas pela defesa da vida, por um mundo com justiça social e ambiental.
De uma ponta a outra do Aterro do Flamengo, por onde estão espalhadas as centenas de tendas para atividades da Cúpula, são quase 3 km de extensão. E como nos fluxos da natureza, esse “espalhamento” cria uma centena de bordas e núcleos multicentrais representando um alinhamento horizontal, onde todos os seres e todas as ideias são tratados com a mesma igualdade, possuem a mesma representatividade.
É consenso que no Brasil vivemos um paradoxo, com diversos retrocessos na legislação ambiental e nos direitos humanos. E a crise econômica serve de mote para adiar as medidas de proteção ambiental que poderiam efetivamente salvar o planeta da catástrofe ambiental que já estamos presenciando. Porém a crise econômica passa, mas a crise socioambiental permanece! E o futuro da espécie humana e de milhares de outras espécies continua ameaçado enquanto os líderes mundiais reunidos na falácia da Rio+20 muito discutem e pouco fazem.
Paulo Adario - Diretor Greenpeace de Manaus - em uma plenária
Em uma das plenárias que participei, Marina Silva colocou essa questão com grande habilidade quando afirmou que “nós lutamos acreditando que podemos construir o futuro que queremos, precisamos lutar para ter um futuro! E não há futuro sem florestas, não há futuro sem água, sem mudança nesse modelo de desenvolvimento”. Em outro momento, a ex-senadora e ministra do meio ambiente disse que “a nossa causa é a defesa do Desenvolvimento Sustentável, das florestas, da biodiversidade, das populações tradicionais que estão sendo ameaçadas por uma política que não considera a diversidade cultural”.
Antes de embarcar para o RJ comentei em uma rede social que já estudei, li e ouvi muito sobre as conquistas daquela que foi considerada a maior reunião com fins pacíficos da história da humanidade. Porém, passados vinte anos da Eco-92, os desequilíbrios climáticos se aceleram pelo mundo, a biodiversidade animal e vegetal está em regressão, os desertos crescem, as florestas e as zonas úmidas encolhem.
As causas dessas crises são muito claras. Ao pintar-se a economia de verde e financiar a mercantilização da natureza e dos bens comuns, o fracassado capitalismo propõe continuar com o modelo de consumismo sem levar em conta os limites da natureza. Na cúpula dos Povos, assim como outras organizações, o Greenpeace mostrou que as soluções para as crises já existem. A economia solidária, o cooperativismo, as energias limpas são exemplos de como é possível evoluir na adoção de práticas sustentáveis.
Heberton com o Cacique Raoni
De maneira geral percebi que a sociedade está mobilizada e mais consciente. E o grito que ecoava mais alto vinha dos jovens e populações tradicionais. Em todos os espaços da Cúpula, o rosto de uma geração que luta por seu futuro se fez presente de forma criativa; em cores vivas e marcadas pela cultura ancestral, os índios mostraram sua sabedoria tradicional e sua indignação.


Ao me emocionar junto com centenas de pessoas acompanhando o discurso da “menina que calou o mundo na Eco-92”, concordo com a Severn Suzuki quando ela disse que “juntos somos uma voz alta demais para ser ignorada”. Senti uma imensa alegria ao ver lideranças com o Cacique Raoni ecoando a memória de seus antepassados na luta pelo sagrado direito à terra.
Um dos princípios do Greenpeace é o engajamento das pessoas. Como milhares de pessoas, acredito no poder de transformação da sociedade e dos indivíduos. Volto da Cúpula dos Povos com a certeza de que se depender dos governos, nada será feito. Porém a semente que brota nos corações e mentes dos jovens e dos sonhadores será capaz de trazer esperança para esta e para as futuras gerações.

*Texto Heberton Júnior 

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